No verão aumenta a vontade de ficar bonito e em forma. Mas a vida corrida não colabora e as horas livres para atividades físicas diárias tornam-se artigos de luxo. Correndo contra os ponteiros do relógio, lá vão os atletas de fins de semana tentar recuperar o tempo perdido. Embora os médicos já tenham torcido muito o nariz para esse tipo de atitude, hoje, eles jogam no time dos "antes pouco, que nada". Mas alertam: nada de ultrapassar os limites do corpo.
A boa notícia que a comunidade médica tem passado é que praticar esportes nas horas de folga do sábado ou domingo já representa um início favorável na mudança de estilo de vida, visto que a idéia é combater o sedentarismo, considerado um sério problema de saúde que afeta 80% da população mundial.
"Entre ficar parado e praticar exercícios físicos apenas nos fins de semana, a orientação é se exercitar, desde que a atividade seja praticada de forma leve a moderada", alerta a médica Alana Claudia Murillo Santos, do grupo de Medicina Esportiva do Hospital VITA Curitiba. "Atividade física sem exageros só traz benefícios", ressalta.
Caminhada é a modalidade mais aconselhada - não tem contraindicações, é de fácil acesso e ainda auxilia na prevenção de doenças cardiovasculares, no controle da ansiedade e do peso. Bike e corrida do tipo trote também são boas alternativas. Entre as atividades desportivas estão futebol, vôlei e basquete.
Exageros - O perigo é passar dos limites e empregar esforço exagerado, sem saber como está a condição de saúde e, ainda, estando sedentário há muito tempo. Aí as chances de surgirem problemas de saúde, como lesões, crises de hipertensão, desidratação e até o popular mal súbito são bem maiores. Por isso, os homens precisam tirar da cabeça que podem jogar futebol no sábado como se fosse o Neymar.
"Intensificar além da conta o exercício sem estar preparado e sem orientações eleva o risco de sofrer lesões ortopédicas, entorses, distensões e contraturas musculares. Quem tem problema cardiovascular e não sabe pode apresentar como sinais de alerta: dor no peito, dificuldade para respirar e mal estar", alerta Alana.
Antes de iniciar qualquer atividade física, o ideal é que todos realizem uma avaliação médica que inclui exame clínico e exames complementares direcionados, como o teste de esforço que avalia a condição cardíaca durante o esforço. Principalmente quem tem problemas crônicos de saúde, como pressão alta, diabetes, obesidade e colesterol alto - devem realizar avaliação médica com o objetivo de ter a indicação do exercício mais adequado à sua condição clínica.
Verdade ou mito - Todos que fazem alguma atividade física já ouviram a famosa frase: "Já fez alongamento?" Edilson Thiele, ortopedista do Hospital VITA Curitiba especialista em joelho e medicina esportiva, revela que o tal alongamento é um mito e que não há consenso na literatura internacional entre a comunidade científica sobre os reais benefícios reais da prática de alongamentos como prevenção de lesões.
No entanto, o especialista ressalta que, se for para fazer, que seja feito de forma correta, constante, entre dez a quinze minutos e após orientação e avaliação de profissional da saúde ou de atividade física. "Dar uma esticada aqui e ali por dez segundos não adianta nada antes da prática esportiva", diz. Segundo ele, a grande maioria das pessoas não se alonga do modo correto, por isso a necessidade de orientação de um profissional da área.
Projeto de prevenção - A falta de preparo físico e de técnica é a grande vilã das lesões. De acordo com Thiele, a FIFA está desenvolvendo um projeto de prevenção chamado FIFA 11+, já desenvolvido na África - durante a Copa do Mundo, na Colômbia e no México, e, Curitiba será a cidade piloto do projeto no Brasil. A iniciativa será realizada em 11 escolas públicas e visa orientar alunos entre 10 e 14 anos de idade em diferentes questões.
"Haverá um programa de prevenção de lesões, com a realização de 11 exercícios praticados três vezes na semana durante as aulas de educação física, além de um programa de cuidado com a saúde, com orientações que vão desde a lavagem das mãos até prevenção de HIV e bulling", explica Thiele, coordenador do projeto em Curitiba. "Os mais famosos jogadores de futebol também estarão envolvidos nessa ação", revela.
Nos Estados Unidos, existem vários estudos demonstrando a importância de tais iniciativas. "A ideia é que o projeto também seja adaptado aos parques da cidade, onde milhares de pessoas praticam atividades físicas diariamente."
Thiele ressalta também o trabalho preventivo na medicina esportiva. "Precisamos mudar o pensamento de que a medicina é apenas curativa, agindo somente depois da lesão instalada; podemos, sim, prevenir as lesões, trabalhando da melhor forma, com avaliação prévia, orientação e acompanhamento constante", finaliza.
Fonte
CENTRAL PRESS